Cartografia Missioneira

Lou Borghetti nas Missões

Os grandes mestres europeus são indispensáveis para a formação de qualquer artista mas, após a exposição das releituras (abordadas no post anterior), começou a amadurecer em mim uma nova fase. 

Sentia a necessidade de buscar uma maior identificação com minhas raízes. Precisei ir tão longe para chegar no que estava ao meu lado: A arte no Rio Grande do Sul, o seu nascedouro, o nosso barroco, os sete povos das Missões e seu legado.


Sei bem que o tema para um pintor não é tão relevante mas, neste caso e naquele momento, fui absorvida quase que completamente por esse que foi tão apaixonante.


Com a utilização da técnica mista de colagem e pigmento por vezes as imagens eram tão fortes que dispensava o uso da tinta. Não consegui deixar de fazer um trabalho conjunto de investigação, queria descobrir do meu modo, isto é, apenas com minha intuição e leitura, onde estava o legado do povo Tupi-Guarani sem as marcas tão evidentes da tradição européia trazida pelos Jesuítas 



Viajei primeiramente para Santo Ângelo mas também estive na redução Argentina e Paraguaia.  Em São Miguel das Missões (O sítio arqueológico mais bem conservado) estive várias vezes. 







No  museu idealizado  pelo grande arquiteto Lucio Costa, chamou-me a atenção uma escultura de sabor nativo: um  misto de anjo de falsas asas e criança com cara de adulto com o dedo indicador em riste, sinal de alerta, irônico e inocente.
Este ícone bem poderia traduzir minha ideia de paz, memória e identidade. E assim trabalhei durante anos com paixão o tema que denominei Cartografia Missioneira em 1997.






Matéria na Revista Caras