A História da Arte por Ferreira Gullar



Ferreira Gullar, nascido José Ribamar Ferreira em São Luís no dia 10 de setembro de 1930. Poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro.

De Ferreira Gullar pôde escrever Vinícius de Moraes que é o último grande poeta brasileiro. E é a última voz significativa da poesia, atalhou o nosso Pedro Dantas. Parece-me a mim, além disso, que, exceção feita de algumas peças de Mário de Andrade e também de Carlos Drummond de Andrade (mormente em Rosa do Povo), é o nosso único poeta maior dos tempos de hoje.  Mas em Gullar a voz pública não se separa em momento algum de seu toque íntimo, de seu timbre pessoal, de esperanças e desesperanças, das recordações da infância numa cidade azul, evocada no meio de triste exílio portenho. Longe dos tempos em que o exercício regular da crítica me punha em dia com o melhor – e o pior – de nossas letras, absorvido inteiramente, desde então, por outras ocupações, foi recente meu primeiro contato pessoal com sua obra poética. Veio-me pela mão amiga de Oscar Niemeyer, no meio de outros volumes de sua Avenir Editora. Ao percorrê-los dei, de repente, com a pequenina grande obra-prima que se chama Uma luz do chão, e a surpresa diante desse descobrimento casual foi o começo de uma exploração sem pausa do universo de Ferreira Gullar. Hoje, sinto-me tão familiarizado com todos os seus recantos que, para a singularidade e a importância de sua contribuição, só encontro de comparável, no Brasil, a prosa de Guimarães Rosa.
*Apresentação de Sérgio Buarque de Holanda no livro Toda Poesia de Ferreira Gullar.

GULLAR, Ferreira. Toda poesia (1950-1999). 9.ed. Rio de Janeiro : José Olympio , 2000. 511 p.