Monotipia: Uma pintura gestual - Parte I



A Monotipia para mim é a pintura do gesto rápido, dinâmico e que mostra o domínio do artista com a forma e o espaço. Além disso, o tempo medido pela prática entre o ato de pintar e imprimir antes que a tinta seque. No meu caso, que uso tinta acrílica e fosca de secagem ainda mais rápida, o trabalho se complica no cuidado de preservar as nuances, as zonas mais claras. A forma que pretendo está definida muitas vezes esboçada em pequenos sketches. Mas também pode ocorrer de plasmar outra coisa porque certamente entre aquilo que imagino e o resultado vai uma grande diferença. O gesto amplo, rápido e certeiro feito arco e flexa deve resultar em um todo satisfatório, os que não são aprovados são descartados. Estes trabalhos são particularmente mais difíceis pelo tamanho 100 x 100.





Tudo tem que estar no ponto exato antes de iniciar, chapa muito limpa, tintas preparadas num ponto de saturação e quantidade de água adequada e com o papel a ser impresso estando bem próximo. Mergulho o grande pincel na tinta , via de regra preta, respiro fundo, concentro e em menos de dois minutos a chapa de 100 x 100 terá que obrigatoriamente estar com toda a pintura-desenho. Rapidamente coloco o branco papel sobre a pintura... Agora nada vejo, é hora de pensar no mistério que está para ser revelado, uma sensação incrível - a impressão. Vou levantando a folha aos poucos porque as variáveis são muitas. É claro que, pela experienência e prática, já sabemos mais ou menos o resultado. Algumas vezes um desastre, mas quando atingimos o resultado desejado é um prazer inimaginável. É uma pintura no escuro, provocativa e fascinante. Essa é minha técnica, existem muitas formas de Monotipia.  Não existe a menor possibilidade de correções e por isso tão fascinante.  



Na América também podemos citar vários artistas praticantes da monotipia como Frank Duveneck, William Merrit Chase, Charles Walker, Maurice Prendergast e muitos outros. Igualmente na Europa vários artistas experimentaram a técnica, como Pablo Picasso (1881-1973) que criou mais de cem , Georges Roualt (1871-1958), Henri Matisse (1869-1954), para citar somente alguns. Nos Estados Unidos temos Milton Avery (1893-1965), Adolph Gottlib (1903-1974), Richard Diebendorn (1922), Robert Motherwell (1915), Mary Frank (1933), Nathan Oliveira (1928) e Jasper Johns (1930), entre muitos outros.




A idéia de que a monotipia é uma "irmã bastarda" da gravura parece não estar longe de mudar. Muitos artistas contemporâneos preferem esta técnica pela execução rápida e versatilidade que ela oferece, fazendo um trabalho sério de grande beleza estética. Em São Francisco, EUA, há um ateliê somente de artistas que trabalham com esta técnica, ponto de encontro de idéias e divulgação de suas imagens.




Monotipia do vídeo acima

*Todas Monotipias do post são de Lou Borghetti. 
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Slide Obras Charleston




























USA - Charleston, SC - Part III - Celebração




Que magia há no sagrado momento do convívio! Para além dos aromas das comidas que se espalham pelo ar, há a delicadeza dos hostess ao oferecer água aromatizada, só para começar, em taças lindamente escolhidas. Celebrar a vida... O afago da fala mansa e generosa entre os convidados. Mesas decoradas com tal requinte e delicadeza que nos alegra os olhos e a alma - e aguça o apetite!



Eu assim fui recebida em cada casa, todas as noites e durante todo o tempo em que estive nos EUA.
Obrigada meus queridos amigos de Washington DC e Charleston SC.

Beijos, 

Lou Borghetti



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Slideshow - Charleston, SC, USA 2012
(All Photos by Lou Borghetti)

USA - Charleston, SC - Part II - Trabalho

Sketch/releitura de Vera C. M. Becker a partir da obra Lady and Gentleman in Black, Rembrandt

Alguém já disse: "Ninguém ensina ninguém a ser artista". Cada um traz consigo certa formação, claro, mas também e sempre uma intuição do que seja a arte e a expressão artística. Entendo que um workshop tem a função de quebrar padrões, propor novos meios e novas formas através de um primeiro contato com novas técnicas. É importante aí saber dosar a expectativa e concentrar-se no trabalho e nas atividades propostas, sem a preocupação com o resultado final, num curto espaço de tempo. Eu proponho novas formas e atitudes e, para tal, considero fundamental a disposição ou abertura para uma experiência sempre renovada do olhar sobre todas as coisas que existem ao nosso redor. É essencial aprender a tirar partido do que se encontra próximo e dentro de nós. A expressão, a forma, a comunicação, aperfeiçoadas em cada exercício/trabalho, apontam para as obras futuras. O objetivo de um workshop é provocar a expressão dos participantes. Que o traço seja, não necessariamente belo, mas expressivo! A instrução da técnica, dos meios, dos padrões, etc., é parte básica e pano de fundo presuposto. Porém, se a intuição que o aprendiz traz de si e da arte não for provocada a expressar, pouco se fez. A sensibilidade é necessária, mas a capacidade de expressão é o decisivo para um artista.




Slideshow, Workshop, Charleston SC USA 2012





Slideshow, Workshop, Charleston SC USA 2012 - Trabalhos





Slideshow, Workshop, Charleston SC USA 2012 - Releituras


Vídeo - Feedback de alguns participantes do grupo.


USA - Charleston, SC - Part I - Inspiração


Italo Calvino escreve em As Cidades Invisíveis: "De uma cidade, não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas as respostas que dá às nossas perguntas". Charleston me arrebatou pela essência de seu conteúdo bucólico e silencioso. O repouso? Não, a vontade de ver e sentir todas as formas, cheiros e cores. As formas onduladas e torcidas feito esculturas dos carvalhos e tantas árvores, arbustos e o marsh grass circundando em abundância e tons às margens do creek (córrego, riacho). As camélias, todas as flores, todos os pássaros, tantos meandros que do alto parecem árvores feitas de água. 

 Originalmente chamada Charles Town (em honra do rei Charles II da Inglaterra), Charleston está localizada ao centro da costa da Carolina do Sul, na região onde os rios Ashley e Cooper se encontram para alcancar o oceano Atlântico. É a segunda maior cidade – bem como a sede – do condado de Charleston, tendo o apelido de "A Cidade Sagrada". Rica em história, tradição e artes (com notável florescimento na pintura), seu charme sulino atrai cerca de 4 milhões de visitantes por ano. Charleston é famosa por suas plantations e seus gardens – suas incríveis pousadas históricas e sua vegetação exuberante.


 
Ah, as cores... Todas as cores. “A cor, sujeita ao espaço, é fixa e permanente como ele. Brilha no repouso" (L. B. Castel). Naquele lugar, "o tom está para a cor assim como o grave-agudo está para o claro-escuro". Misturar-se àquela atmosfera é, sem dúvida, receber todas as respostas.




The Marsh, 36x28cm

The Winter Creek, 50x40cm

Sunset Winter at Creek, 50x40cm

Pour Rodin, 36x26cm


Walking on the Sun – Vídeo-Arte realizado por Lou Borghetti, em Charleston, Estados Unidos, em fevereiro de 2012, com câmera Canon Power Shot ELPH 100 HS.



"Corpo-e-seu-espectro-feminino ambula ao vento em trapiche de madeira crua banhada por branca luz de sol. Quem compôs solo tão exato? (Para câmera, flauta e salto alto). Que mão calçou os pés que agora calcam? De onde o espírito do vento que lhe veste? Onde nos quer levar o espectro com seu passo em negro e em luz que o fôlego, de olhar, nos falta?" 



USA - Washington DC Part II


Compartilho aqui com vocês as fotos que tirei das obras de um dos meus artistas preferidos. Alexander Calder foi um artista norte americano nascido em 22 de julho de 1898 no estado da Pensilvânia e faleceu em Nova York em 11 de novembro de 1976. Também conhecido por Sandy Calder, esse pintor e escultor maravilhoso tem um espaço todo dedicado à sua exposição permanente no National Gallery of Art. Calder ficou muito conhecido por seus fantásticos móbiles, que dão um toque especial ao museu (como vocês puderam perceber na primeira foto da postagem anterior). Beijos e abraços a todos, Lou Borghetti