Múltiplos de 1: Desdobramento fotográfico




Na exposição Múltiplos de 1, as imagens fotográfica foram feitas a partir de apropriações de arte urbana e superfícies. O uso invertido e espelhado das imagens em módulos criam uma linguagem que vai para além da fotografia. Tudo se multiplica e se divide, tudo é um ou MÚLTIPLOS DE UM.
Fotografo como uma pintora. Percebo “pinturas” nas paredes, muros, madeiras de casas antigas, ferrugem, troncos de árvores e raízes. O detalhe está próximo e presente, vivo e colorido. Resgato e me aproprio destes fragmentos de cores, contrastes, texturas oxidadas, compostas e decompostas. A beleza está onde aparentemente não há beleza.
A ação do tempo é sutil, não se percebe, mas segue deixando marcas. São essas marcas, testemunhas do tempo em andamento, que busco captar. A alquimia do tempo na matéria original.
[...]
São abstrações do nosso cotidiano: o mistério do tempo em ação. Sempre que estou capturando imagens coloridas e corroídas, percebo, além das formas e cores, a dimensão humana, a ação inexorável do tempo. Tanto faz estar o navio aqui ou em qualquer outro lugar, seu destino seria o mesmo, parte de um processo de finitude, envelhecimento e morte. Na memória depositamos a captura de um momento. Através dela deslocamos o tempo. Ali existe história, abandono, segredos e silêncio. A imagem é desconstruída e reconstruída infinitamente. O visível e a transcendência, o passado que se interpõe ao presente e projeta um outro futuro. 




Lou Borghetti e Roque Jacoby, Secretário da Cultura na época
In memoriam: Alex Vallauri

Multiples of 1
Multiples of one

Múltiplos de 1, múltiplas de uma

Elizethe Borghetti pinta, passeia, dá aulas, viaja, fotografa.

Elizethe Borghetti não para, não dá tempo ao tempo.

Em viagem, ou não, ela registra o tempo transformado em textura. Alguém já disse que o tempo tem assinatura nos muros, portas e paredes pelos caminhos sejam quais forem? Bom, então está dito e fotografado.
Elizethe é mais veloz que o tempo, ou será que ela desobedece ao tempo? Múltiplas de uma artista, ela fez das marcas estáticas do tempo, movimentados, quase sonoros Múltiplos de 1.

Sabe-se lá o que ela fez! E hoje, agora, para que pintar se já estava “pintado” aquilo que ela capturou, e multiplicou?

Amanhã ela vai pintar, vai passear, fotografar. E não vai depender do tempo!

Luiz Eduardo Achutti
(fotógrafo, antropólogo e professor do Instituto de Artes da UFRGS)



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