Os Quatro Elementos: A Memória da Terra

A Terra, 110 X 150 cm,  2003 - Acervo do MARGS
Ainda trabalhando os sete povos das missões (baseada na estatuária, em geral, religiosa - feita pelos índios no período das missões, sob orientação dos Jesuítas), comecei a me interessar e olhar mais atentamente para o nosso índio, o índio de hoje. Não apenas o aqui do sul mas também o índio do norte. Os índios do norte do Brasil me parecem ter um trabalho mais sofisticado. A utilização do barro, seus rituais, os adereços de pena, tudo em sintonia, formando uma linguagem própria, premissa básica para caracterização de sua própria identidade cultural. 
Misturando o barroco da época com o índio contemporâneo, fui em busca exatamente desse mesmo raciocínio e fui adicionando técnicas de colagem, pigmentos, folha de ouro e outros elementos à pintura.
Desta fase surgiu a exposição ELEMENTOS, no ano 2000. Além das pinturas, fiz uma instalação que denominei "O que não se encaixa", utilizado caixas acrílicas de CDs descartadas com  terra, ninhos, penas, etc... Elementos que remetessem ao índio e sua terra.

Foto da Exposição - APLUB, 2000
Matéria no Jornal Pioneiro de Caxias do Sul. Maio de 2003
Convite da Exposição Elementos






Atelier Lou Borghetti

Cartografia Missioneira

Lou Borghetti nas Missões

Os grandes mestres europeus são indispensáveis para a formação de qualquer artista mas, após a exposição das releituras (abordadas no post anterior), começou a amadurecer em mim uma nova fase. 

Sentia a necessidade de buscar uma maior identificação com minhas raízes. Precisei ir tão longe para chegar no que estava ao meu lado: A arte no Rio Grande do Sul, o seu nascedouro, o nosso barroco, os sete povos das Missões e seu legado.


Sei bem que o tema para um pintor não é tão relevante mas, neste caso e naquele momento, fui absorvida quase que completamente por esse que foi tão apaixonante.


Com a utilização da técnica mista de colagem e pigmento por vezes as imagens eram tão fortes que dispensava o uso da tinta. Não consegui deixar de fazer um trabalho conjunto de investigação, queria descobrir do meu modo, isto é, apenas com minha intuição e leitura, onde estava o legado do povo Tupi-Guarani sem as marcas tão evidentes da tradição européia trazida pelos Jesuítas 



Viajei primeiramente para Santo Ângelo mas também estive na redução Argentina e Paraguaia.  Em São Miguel das Missões (O sítio arqueológico mais bem conservado) estive várias vezes. 







No  museu idealizado  pelo grande arquiteto Lucio Costa, chamou-me a atenção uma escultura de sabor nativo: um  misto de anjo de falsas asas e criança com cara de adulto com o dedo indicador em riste, sinal de alerta, irônico e inocente.
Este ícone bem poderia traduzir minha ideia de paz, memória e identidade. E assim trabalhei durante anos com paixão o tema que denominei Cartografia Missioneira em 1997.






Matéria na Revista Caras